Desabafos

sexta-feira, abril 07, 2006

Pra sempre.

Foi assim, quando eu não estava nem preocupada.

Quando eu estava descabelada, cheia de olheiras, com uma calça velha e manchada, com uma blusa breguinha daquelas de usar em casa. Justamente no dia em que eu inventei de usar faixinha nos cabelos, meu Deus! E, lógico, eles não estavam nem um pouco definidos, nem lisos, nem cacheados.

Foi assim, quando eu brincava com papéis desinteressantes, rindo da vida num dos poucos momentos em que ainda faço isso. Quando planejava uma viagem próxima, com amigos e bebidas. Quando dei aquele sorriso que sei que você ama.

Você entrou. Naquele exato instante, tudo parou. Faltou chão, como diria um grande amigo; melhor, faltou chão, ar, base, cara, coragem. Faltou tudo. E eu dei as costas a você. Pela primeira vez. Era mais fácil que te encarar.

Que encarar o "nós" que não existe mais. Que encarar que você está muito bem, obrigado, sem mim, quando não era pra ser assim. Se as coisas fossem justas, era para ter sido o contrário: eu, linda, cabelos vermelhos e domados, sorridente, amando a vida de novo, salto 10, aquela saia rosa que você não resiste e aquela batinha florida. E você, gordo e careca. E feio e sujo e fedendo.

E foi tudo o contrário. E depois que eu te ignorei, soltei um "oi" despretensioso e com ar de desprezo. E fugi, como os fracos fazem. Como eu sempre faço.

Procurei o banheiro para vomitar aquela embriaguez de sensações, mas estava cheio de meninas arrumadas, maqueadas e cheirosas que fofocavam sobre quem-ficou-com-quem-e-quando. E eu fugi mais uma vez, para o meu atual refúgio:meu carro.

Ali, sentei e chorei. Um choro abafado e cheio de dor, mais uma vez. Angustiado e desesperado por não saber o que fazer, pra onde ir, por não aceitar me sentir assim pelo simples fato de ter te visto.

E como sempre, te procurei. E não consegui dizer nada. E você, que não sabe dizer nada nas horas sérias da vida, me estendeu sua mão simplesmente. Me puxou para perto de você, me deu aquele abraço que só existe com nós dois e assim ficamos.

Eu, soluçando. Você, me consolando. Sempre. É o melhor que você pode fazer por mim agora. E é o que você faz de melhor, sem precisar dar uma palavra.

Amo você.Pra sempre.

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