Num fôlego
(Inspiro)
Vontade de chorar...Não me pergunte o motivo, eu não saberia dizer. São tantas coisas e nada ao mesmo tempo!Basta uma simples palavra, uma menção que seja, a lembrança mesmo e eu desabo. Sabe aquela música “ando tão à flor da pele...”?Pois é, ta tudo muito assim agora. Ando perdida, desnorteada, incapaz de tomar uma decisão. Deixo que os outros decidam por mim: minha roupa, meus sapatos, meus livros, a foto que vai para o porta-retrato, minha vida. Sinto que não pertenço mais. E algum dia eu pertenci? Acho que não, não sei de mais nada agora. Você já se sentiu sozinho? Verdadeiramente sozinho? Sozinho numa reunião, no shopping, num show? É assim que me sinto agora. O tempo todo, todo o tempo. Não agüento mais não dormir, não sonhar, não ter vontade de fazer nada. Sim, porque no fundo eu tenho milhões de vontades, eu sei. Eu lembro. Tantos planos sonhados e desfeitos e agora guardados; vontade de dançar, beber, viajar, conhecer, experimentar. São tantos e tão intensos que me sufoca. Fico com falta de ar ao pensar em tantas possibilidades que estão ali, à minha disposição, mas que simplesmente não consigo realizar... A vontade de não ter vontade é maior, entende? Você me julga exagerada. Até sou, mas agora você está errado, infelizmente. Ou você acha que aquela crise de choro, enquanto você tentava desesperadamente me fazer feliz, foi inventada? Não, nem de longe. Te abracei e chorei como uma criança que não pôde sair para brincar, alguém incompreendido. Um choro angustiado, sofrido, abafado – de que adiantaria gritar para você e para o mundo, quando ninguém me ouve? O choro abafado reflete o meu sofrimento. É, estou morrendo asfixiada – eu e meus sonhos – e nessa horas lembro das aulas de medicina legal, nos tempos remotos de faculdade. Quando eu era feliz e a vida era simples. Hoje? Só dor e angústia. A vida é bela, você diz, com mais um daqueles clichês que me irritam e que me fizeram amar você, mesmo após todos esses anos. Eu tento, acredite. Não duvide que eu quero sorrir de novo. Eu me esforço, levanto da cama, tomo banho, escovo os dentes...Quase todos os dias eu consigo fazer tudo isso. Eu invento e reinvento e programo, mas o cansaço e a indisposição tomam conta de mim antes mesmo de eu começar. Só você me entende, eu costumava dizer, me prendendo a você como fuga e salvação para os meus problemas. Mas você também foi embora e eu percebi que você não me entendia realmente. Eu tentava e você também, mas não foi o suficiente. Eu não queria, não queria ter estragado aquele abraço, deixar de sentir seu corpo junto ao meu – e foi por isso que te liguei hoje – mas foi inevitável. É mais forte que eu, toda essa tristeza. Eu quero e não quero, eu gosto e não gosto, eu desejo e não desejo, eu choro e choro.
(Expiro)
Vontade de chorar...Não me pergunte o motivo, eu não saberia dizer. São tantas coisas e nada ao mesmo tempo!Basta uma simples palavra, uma menção que seja, a lembrança mesmo e eu desabo. Sabe aquela música “ando tão à flor da pele...”?Pois é, ta tudo muito assim agora. Ando perdida, desnorteada, incapaz de tomar uma decisão. Deixo que os outros decidam por mim: minha roupa, meus sapatos, meus livros, a foto que vai para o porta-retrato, minha vida. Sinto que não pertenço mais. E algum dia eu pertenci? Acho que não, não sei de mais nada agora. Você já se sentiu sozinho? Verdadeiramente sozinho? Sozinho numa reunião, no shopping, num show? É assim que me sinto agora. O tempo todo, todo o tempo. Não agüento mais não dormir, não sonhar, não ter vontade de fazer nada. Sim, porque no fundo eu tenho milhões de vontades, eu sei. Eu lembro. Tantos planos sonhados e desfeitos e agora guardados; vontade de dançar, beber, viajar, conhecer, experimentar. São tantos e tão intensos que me sufoca. Fico com falta de ar ao pensar em tantas possibilidades que estão ali, à minha disposição, mas que simplesmente não consigo realizar... A vontade de não ter vontade é maior, entende? Você me julga exagerada. Até sou, mas agora você está errado, infelizmente. Ou você acha que aquela crise de choro, enquanto você tentava desesperadamente me fazer feliz, foi inventada? Não, nem de longe. Te abracei e chorei como uma criança que não pôde sair para brincar, alguém incompreendido. Um choro angustiado, sofrido, abafado – de que adiantaria gritar para você e para o mundo, quando ninguém me ouve? O choro abafado reflete o meu sofrimento. É, estou morrendo asfixiada – eu e meus sonhos – e nessa horas lembro das aulas de medicina legal, nos tempos remotos de faculdade. Quando eu era feliz e a vida era simples. Hoje? Só dor e angústia. A vida é bela, você diz, com mais um daqueles clichês que me irritam e que me fizeram amar você, mesmo após todos esses anos. Eu tento, acredite. Não duvide que eu quero sorrir de novo. Eu me esforço, levanto da cama, tomo banho, escovo os dentes...Quase todos os dias eu consigo fazer tudo isso. Eu invento e reinvento e programo, mas o cansaço e a indisposição tomam conta de mim antes mesmo de eu começar. Só você me entende, eu costumava dizer, me prendendo a você como fuga e salvação para os meus problemas. Mas você também foi embora e eu percebi que você não me entendia realmente. Eu tentava e você também, mas não foi o suficiente. Eu não queria, não queria ter estragado aquele abraço, deixar de sentir seu corpo junto ao meu – e foi por isso que te liguei hoje – mas foi inevitável. É mais forte que eu, toda essa tristeza. Eu quero e não quero, eu gosto e não gosto, eu desejo e não desejo, eu choro e choro.
(Expiro)
posted by Moni S. @ 8:27 AM
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