Desabafos

sábado, julho 30, 2005

À vontade

É como um casarão antigo,
onde se conhece todos os corredores como a palma da sua mão;
que mesmo no escuro e de olhos fechados você se encontra.

Um lugar onde você se sente seguro
protegido
calmo.

Uma espécie de refúgio, um porto seguro
o encontro da paz
o alívio
a tranquilidade.

A felicidade de estar lá
simplesmente pelo fato de estar.

Onde posso ser eu mesma, sem medo.
sem julgamentos
sem máscaras.

Onde eu posso me entregar
fechar os olhos e me jogar
sem medo.

Completa e simplesmente
à vontade.

É assim com você.

quinta-feira, julho 28, 2005

De repente, não mais que de repente.

Recife, 17 de maio de 1996.
Fortaleza, 22 de março de 1998.

Soneto da Separação - Vinícius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto
Silêncioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Foi o que ficou. Esse trecho do soneto aí...foi o que ficou guardado em minha memória após a declamação na minha longíqua 6a série. Claro que eu sei o soneto todo, mas esse verso é o mais forte pra mim.

Mas não vim aqui falar disso. Só postar mesmo.

Um abuso só


Estou abusada.

É, abusada. Um porre, insuportável de tão chata. Tanto que ninguém me agüenta; a começar por mim.

O anjo do Soul é que tem ouvido poucas e boas; aliás, muitas e ruins. Não sei como ele dá conta e ainda não me deu uns tabefes. Tá, eu sei. Isso é politicamente incorreto e uma atitude tremendamente, monstruosamente, troglodita. Mas, se fosse eu, já tinha dado uns tabefes na cara de quem quer que fosse. Até do rei, como diria Emily.

Ando chata, sem graça e reclamona. É só isso o que sei fazer agora: reclamar. De tudo, de nada, com ou sem motivo. Na maioria das vezes, fico procurando um motivo – que geralmente não convence nem a mim.

Toda vez que escrevo no MSN “estou chata” ou “aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhh” ou “não agüento mais” ou ainda “saco cheio, cansei, tchau” entro em pânico.

É que eu já vi esse filme e não foi dos melhores. Aliás, se me permitem, foi um dos piores que já vi. Sofrido, doloroso, problemático, angustiante, intenso de uma forma que me consumia e me desgastava, sugava todas as minhas forças, toda a minha energia.

Sim, é ruim. É horrível. E não sei se quero que assistam a esse filme comigo. Não mesmo. É ruim demais para estar acompanhado.

Ah, mas isso é TPM, você diria. Já passa. Não, eu me conheço. TPM não dura 1 mês – pelo menos não a minha. E se fosse a tal, estaria completamente fora do controle porque estou grosseira com todo mundo.

Minha vontade? Não me comunicar de maneira alguma com ninguém até isso passar – se é que vai passar. Mas eu sou comunicativa demais e até isso se torna difícil. Saco, viu? E tem toda aquela série de atividades do dia-a-dia que nos obriga a conviver em sociedade. E eu sou responsável demais (ai, minha gastrite) para simplesmente jogar tudo pro alto e tirar férias de tudo, de todos e, principalmente, de mim mesma.

sábado, julho 16, 2005

Abraço que dói.


Estou aqui.

Em pensamento, é verdade.

Não queria que fosse assim, mas foi o único jeito que vi para resolver tudo.

Queria ter mudado algumas coisas, atitudes minhas, especialmente. Quem procura, acha. Eu achei. E não foi bom.

Tudo tem limite e eu cheguei ao meu. Foi isso. Nada mais, nada menos. Sem muito drama.

Queria poder partilhar e compartilhar muitas coisas, mas não posso. Caminho escolhido, caminho seguido até o fim. Não sempre, mas nesse caso, sim.

Quem sabe outro dia. Aliás, outro dia, sim.

Um abraço. Daqueles bem apertados - abraço que dói.

segunda-feira, julho 11, 2005

Cantiga de ninar

Já faz 1 mês, ou quase. Até já brinquei dizendo que a culpa é dele, que me dá tanto trabalho e preocupação, que anda me tirando o sono.

Ah, se fosse...seria mais fácil, sabia? Era só te tirar da minha vida (rá-rá-rá...foi-se o tempo que isso seria simples assim)!

Só sei que passo os dias cansada e as noites acordada. E NÃO É POR OPÇÃO!!!Estou cada vez mais irritada, antipática, grosseira, mal-humorada, indisposta, amuada, nervosa e exausta. Sim, porque agora eu vivo "moída", como diria uma grande amiga.

Conto os minutos do meu dia para que chegue a noite e eu possa, finalmente, dormir. E quando chega a noite, conto os minutos para amanhecer, porque a madrugada é um verdadeiro tédio e nem com TV a cabo tem programação boa.

E sim, isso está me fazendo mal. E muito. Tô começando a sentir vontade de chorar no meio de uma conversa, porque começo a sentir sono e sei que não vou conseguir dormir.

O pior é quando eu começo a bocejar, começo a cochilar até...e tenho vontade de "ah,dane-se...vou dormir é agora", mas não posso. Porque ou estou trabalhando ou o medo de passar mais uma noite em claro é tão grande que, por mais que eu deite, não consigo dormir.Não mesmo.

É, tá ruim mesmo. Tô dormindo até com uma pedra de ametista debaixo do travesseiro - dizem que é bom pro sono - mas não tá fazendo nenhum efeito. Nadinha.

E quando eu finalmente consigo dormir, o que acontece?Acordo de repente, assustada, angustiada, como se estivesse fazendo algo de errado e tivesse sido pega em flagrante, sabe? Dormir agora é pecado, é? Sabia não.

If i just knew...

La vache

Tem algumas coisas na vida que eu detesto. Quando "aquela vaca" vem encher o saco nos meus relacionamentos é uma delas - namoro, preferencialmente. Não me permito ter tanta raiva assim por um relacionamento que ainda nem começou; ou não me permito demonstrar, pelo menos. Vai ver é daí o motivo de, em alguns casos, eu surtar e não querer namorar de jeito nenhum: é problema na certa. Não há o que contestar (apesar disso, vez por outra fecho os olhos e grito 'fudeeeeu' e vou tentar, mais uma vez, ser feliz).

Focus, beauty, focus.

Há casos e casos, não é? Esse é um daqueles casos. Daqueles que não devemos nos preocupar porque "já passou, não foi nada;nem aconteceu nada, na verdade". Pensa que tem jeito? Não, não tem. E não digo que foi culpa dele. Incrivelmente, ele, ser humano do sexo masculino, foi tomado por um súbito e inexplicável peso na consciência de algo que nem sequer aconteceu. E não chegou tão perto assim.

A isso somam-se o histórico do garoto - que não é dos mais confiáveis, pelo visto - , as brigas cada vez mais constantes e cada vez mais sem motivos, os problemas, os medos, as mágoas e pronto: HOUSTON,WE HAVE A PROBLEM.

E assim, como que num passe de mágica, eu me transformei n"aquela vaca" que eu tanto odeio.

terça-feira, julho 05, 2005

FDP

Acordei e lá estava ela. Eu sabia que isso ia acontecer, tinha sentido, sabe? Mas não fiz nada a respeito.

Aí, quando me olhei no espelho, foi a primeira coisa que vi. Ela estava lá, aquela arrogante.

Com toda a sua petulância, jogava na minha cara tudo aquilo que eu não queria ver. Todos os medos, problemas, preocupações, angústias, desejos...

Ela não deu a mínima pro que eu estava sentindo. Apenas chegou e me fez ver. E eu não queria, não podia, não estava querendo pensar em nada daquilo.

Mas não deu. Aquela filha da puta.

And so it is...

- Você enjoou de mim?
- Não, eu não enjoei. Só...não tenho mais saco nem paciência...estou te tratando mal por isso.

Ela estava mais forte do que pensava, mais calma do que imaginou que estaria quando aquilo acontecesse. Foi um susto, sim. Inesperado, claro. Mas ela percebeu o quanto ele ficou desconcertado.

Não, ele não imaginava que aquilo fosse acontecer. Ele não esperava que ela fosse ter uma reação como aquela. Ele ficou atordoado e transtornado, era evidente.

No rápido instante em que ela olhou para ele, notou que ele estava desleixado. E isso lhe causou náuseas. Aqueles tons pastéis não lhe caíam bem e ele sabia disso. Será que ele fizera de propósito? Não, ele não pensaria nisso.

Tentou conversar, fazer graça...não adiantava mais.Tinha passado. Ela já não ria mais dele, nem com ele. Simplesmente porque não achava mais engraçado. Achava...bobo. É, bobo seria uma boa palavra para definir. Coisas banais, sem sentido. Infantis como ele.

Ela saiu sem dizer muita coisa. Ele olhava, intrigado. Quando ousou perguntar, ela o olhou - de uma maneira indescritível, mas que os dois sabiam exatamente o que queria dizer. Ódio? Raiva? Mágoa? Decepção?

Ela abaixou a cabeça e entrou no carro. Ele atravessou a rua e olhou para trás.

- I make you laugh. And I bored you.
[From Closer - Alice and Dan]